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Charles Baudelaire
As Flores do Mal (1857)
As Flores do Mal (1857)
Les Fleurs du Mal focaliza-se em temas relacionados com a decadência e o erotismo. É o prenúncio do modernismo. O (re)verso do progresso tornado poema – a obscuridade corrupta dos recantos urbanos, a necrofilia social no olhar atento para os mendigos e prostitutas, o tédio da previsibilidade das esquinas exacerbado à extenuação.
Esta obra, cuja publicação foi repetidamente anunciada e adiada, é descrita em 1850 no Magasin dês Familles como a “representação das agitações e melancolias da juventude moderna”. O título Les Fleurs du Mal, sugerido a Baudelaire por um amigo, surge pela primeira vez na Revue des Deux Mondes, acompanhado por uma referência prudente, ao mesmo tempo desafiante e evasiva. De acordo com a nota, “o que parece merecer o nosso interesse é a expansão viva e curiosa, mesmo na sua violência, de certas fragilidades e dores morais que, sem partilharmos nem discutirmos, devemos conhecer como um sinal dos nossos tempos”. É finalmente publicado no princípio do Verão de 1857, organizado em 5 secções: Spleen et Ideal, Fleurs du Mal, Revolte, Le Vin et La Mort.
O que há de comum entre o excesso literário e a violência bestial, ou entre uma fantasia artística e um tráfico clandestino? Recebido pelos intelectuais e artistas como um livro esperado e cujos fragmentos anteriormente desvelados nos jornais haviam desencadeado uma curiosidade entusiasta, Les Fleurs du Mal foi por outros considerado “um insulto à decência pública”, sendo objecto de perseguição judiciária que culminou em condenação.
Seis dos poemas incluídos inicialmente na obra foram censurados e, assim, desconhecidos em Paris até…1949 – Lesbos, Femmes damnés, Le lethé, A celle qui est trop gaie, Les bijoux e Les Métamorphoses du Vampire.